Câncer de Mama

PANORAMA GERAL

O Câncer de Mama é o tipo de câncer mais frequente na mulher e está entre as principais causas de morte na população feminina. O crescimento real desta doença é de 1% ao ano no mundo. No Brasil, a estimativa de casos novos no ano de 2020 é de 66.280 (INCA) com aproximadamente 16.927 mortes. O Câncer de Mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença.

ORIGEM

Assim como outros tipos de câncer, o Câncer de Mama inicia-se a partir de células que sofreram alterações no seu DNA e passaram a crescer desordenadamente; nesse caso, as células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor. Não se sabe exatamente o que desencadeia tais alterações, mas podem ser estímulos físicos, químicos ou biológicos, ou seja, a doença é multifatorial.

FATORES DE RISCO

Vários fatores de risco estão relacionados à doença e dentre eles podemos citar:

  •  Sexo feminino
  • Idade (quanto mais avançada maior o risco)
  • Antecedente pessoal e familiar de câncer de mama
  • História de biópsia prévia de mama com hiperplasia ductal atípica
  • Menarca precoce e Menopausa tardia
  • Não ter filhos ou ter o primeiro filho após os 30 anos
  • Uso de contraceptivos orais (estrogênio-progesterona) por mais de 10 anos e terapia de reposição hormonal pós-menopausa (estrogênio-progesterona)
  • Exposiç?o à radiação ionizante
  • Sobrepeso/Obesidade
  • Sedentarismo
  • Ingest?o de bebidas alcoolicas

Muitos destes fatores estão relacionados ao estilo de vida moderno. Para ilustrar: O Câncer de Mama é mais comum nos países ocidentais, onde o consumo de gordura animal bem como de produtos industrializados é maior e, consequentemente, o sobrepeso/obesidade é mais frequente. Observa-se também uma mudança no padrão reprodutivo feminino: Hoje, as mulheres tendem a menstruar mais cedo, demoram mais para ter o primeiro filho ou têm poucos filhos, amamentam por menor período e entram na menopausa mais tarde, ficando mais expostas ao estrogênio durante a vida.

PREVENÇ?O

Ainda não se conhece uma forma eficaz de prevenção do Câncer de Mama, por isso todos os esforços são direcionados ao diagnóstico precoce, preferencialmente de quando a lesão ainda não está palpável, só visível por meio de exames, em especial a mamografia. Quando descoberto neste estágio, as chances de cura são maiores e os resultados estéticos da cirurgia s?o melhores.

Por isso, aconselha-se a realização de mamografias anuais a partir dos 40 anos para mulheres assintomáticas e antes desta idade para as pacientes de alto risco. De fato, os estudos comprovam que a realização do rastreamento mamográfico conseguiu reduzir a mortalidade por Câncer de Mama.

O auto-exame e o exame clínico das mamas também devem ser incentivados a fim de diminuir o número de casos avançados da doença. Porém, estes métodos não se comprovaram eficazes em reduzir a mortalidade pela doença.

DIAGNÓSTICO

Em seus estágios iniciais, o Câncer de Mama pode não apresentar nenhum sintoma e ser descoberto apenas pela mamografia. Conforme o câncer cresce, ele pode se manifestar como nódulo palpável, endurecido e indolor. Também podem aparecer alterações na pele da mama e do mamilo e secreção mamilar. Porém é importante lembrar que estes sintomas podem eventualmente aparecer em outras doenças da mama benignas.

O auto-exame, o exame clínico e os exames de imagem como a mamografia e o ultrassom, podem detectar anormalidades ou mudanças nas mamas que podem indicar um câncer. Para afastar ou confirmar a presença de câncer, é necessária a realização de biópsia, ou seja, a coleta de células do tumor para exame cito-histológico.

A biópsia pode ser realizada com agulha fina (PAAF) e com agulha grossa (core-biopsy e mamotomia) geralmente orientada pelo ultrassom. Em alguns casos, é necessário proceder a uma biópsia cirúrgica, na qual realiza-se uma incisão na mama para retirada do nódulo ou do tecido alterado, que é posteriormente enviado para estudo anatomo-patológico. É possível também realizar a biópsia de “congelação”, em que o exame é realizado durante a cirurgia e, se confirmada a malignidade, pode-se prosseguir ao procedimento cirúrgico definitivo. Portanto, é muito importante a interação do mastologista, radiologista e patologista nesta fase diagnóstica, a fim de fornecer o melhor resultado para a paciente com alta eficiência.

TRATAMENTO

O tratamento do Câncer de Mama deve ser individualizado, analisando a idade, o status menopausal e as características do tumor de cada paciente. É importante saber: O tipo do tumor, o tamanho, o grau de diferenciação celular e se há presença ou n?o de metástases nos gânglios axilares ou à distância. Realiza-se também o exame imunoistoquímico do tumor, para avaliar características específicas que podem ajudar a prever como o câncer responderá a certos tipos de tratamento.

O tratamento inicial geralmente é cirúrgico. Atualmente, realizam-se cirurgias mais conservadoras com a retirada de um setor ou quadrante da mama e avaliação da axila pela técnica do linfonodo em sentinela. Nesta cirurgia, este linfonodo é analisado por exame transoperatório de congelação e, se o mesmo for negativo, não há necessidade de realizar o esvaziamento axilar completo. Dessa forma, o resultado estético é melhor e as sequelas pós-cirurgia como dor e edema de braço, diminuem bastante. A Mastectomia também pode ser realizada devido ao tamanho do tumor ou da sua multifocalidade. Nestes casos, há possibilidade de reconstrução mamária no mesmo ato cirúrgico (Cirurgia Oncoplástica).

Além da cirurgia, geralmente há necessidade de complementar o tratamento com radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia de acordo com cada caso. Nesta fase, a paciente é atendida por uma equipe multidisciplinar, composta pelo mastologista, oncologista clínico e radioterapeuta, a fim de escolher o tratamento mais eficaz. É importante destacar que houve um grande avanço nesta área, com a utilização de drogas com ação mais específica para cada tipo de tumor.

Sendo assim, o diagnóstico precoce associado a um tratamento moderno e eficaz, pode promover a cura da paciente com menores danos à sua saúde e à sua feminilidade.